60 anos de Rali: O Rali nos anos 1960

Lido

60 anos de Rali: O Rali nos anos 1960

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A Volta à Ilha da Madeira em Automóvel foi criada ainda na década de 50 juntando dois propósitos. O evento dava corpo a uma enorme paixão que os madeirenses sempre tiveram pelos automóveis e pelas estradas pois não poderá ser esquecido que durante séculos foi extremamente difícil ir além da montanha mais próxima, devido à orografia, e servia ainda como meio promocional do destino turístico. Parceria entre as entidades da altura e o CS Madeira, a prova debutou em 1959 e, ganha por José Bernardino Lampreia em MG A, constituiu assinalável êxito.

Já na década em que o “ié-ié” dos Beatles chegava às discotecas pela importação direta, o rali justificou a presença dos melhores valores nacionais da altura e as populações não arredaram pé dos quintais ou “poios” para assistir à passagem de pilotos como Horácio Macedo e os seus inesquecíveis Mercedes 300SL ou Ferrari 250, António Peixinho e a verdadeira “espada” que era o Alfa Romeo Giulia, o pequeno mas brioso Austin Cooper de Manuel Gião ou as diabruras do madeirense Zeca Cunha, que conseguiu mesmo vencer em 1965 com um Triumph TR4.

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Em 1967 consumou-se a internacionalização da “Volta”. Jean-Pierre Nicolas, hoje figura incontornável do automobilismo mundial, foi o primeiro estrangeiro a ganhar na nossa ilha. Os Renault 8 desenvolvidos pelo mago Amedée Gordini monopolizaram as atenções e ocuparam o topo da classificação. A cobertura rodoviária da Madeira avançava ao ritmo lento da picareta e as estradas eram duma dureza pouco consentânea com a fragilidade mecânica vigente.

Tais fatores conjugados determinaram que na edição de 1969, pouco depois dos americanos fincarem a bandeira na lua, apenas um carro conseguisse cortar a linha de meta. O autor da proeza foi o português Américo Nunes. Equipado dum bom e muito potente Porsche 911S, o piloto já havia ganho no ano anterior e estava ainda longe de saber que consolidaria, já na década seguinte, o título de rei das estradas madeirenses. Uma década após a sua criação, a “Volta” era já um dos acontecimentos sociais mais importantes do arquipélago.

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