RVM Media

Lendas do RVM: Carlos Sainz

Carlos Sainz não venceu o Rali Vinho da Madeira quando esteve presente na ilha mas a sua condução jamais foi esquecida pelos madeirenses. O piloto espanhol participou na edição de 1986 com um Renault 5 Turbo Maxi e foi o único a bater em algumas ocasiões o futuro vencedor do evento, o italiano Fabrizio Tabaton num Lancia Delta S4. Sainz entusiasmou todo o público com o seu desempenho numa viatura de tração traseira mas viria a desistir, sensivelmente a meio da prova, devido a um princípio de incêndio na viatura com as cores da filial espanhola da Renault. Hoje com 58 anos de idade, Carlos Sainz iniciou-se no automobilismo em provas de velocidade e só em 1980 deu os seus primeiros passos nos ralis. A Madeira figurou nas primeiras internacionalizações do piloto de Madrid que, também em Portugal mas em 1987, começou a impressionar no WRC. Passou depois por inúmeras marcas e muitos modelos de viatura até deixar os ralis em 2005. Pelo caminho, foi campeão mundial em 1990 e 1992 e já havia sido campeão de Espanha em 1987 e 1988. Atualmente é consultor de vários construtores no desenvolvimento de novos modelos de competição.

Estou otimista

Armindo Araújo participa nesta edição do Rali Vinho da Madeira, “acima de tudo, a pensar numa boa operação para o Campeonato de Portugal de Ralis, que lidero. Gostaria também de tentar lutar por m lugar no pódio absoluto mas teremos muitas dificuldades devido à rapidez dos pilotos locais. Apesar disso, vamos tentar o melhor resultado final à geral possível. Na Calheta vinha imprimindo um bom ritmo e liderava entre os pilotos nacionais. Isso mostrou que dispomos de uma boa afinação e que a Racing Factory está a fazer um bom trabalho. Estou muito motivado e otimista”. Armindo Araújo tem 42 anos de idade e a sua estreia nos ralis aconteceu em 2000 com um Citroën Saxo. Em 2002 passou a defender as cores da marca francesa com um Saxo Kit-Car e em 2005 mudou para a Mitsubishi, correndo primeiro com o Lancer Evo VIII MR e depois com o Lancer Evo IX. Em 2011 e 2012 militou no campeonato mundial com um Mini JCW WRC. Abandonou a competição nessa altura e regressou em 2018 com um Hyundai i20 R5. Esta temporada tripula um Skoda Fabia R5 Evo. Araújo foi cinco vezes campeão nacional absoluto, campeão mundial de Produção em 2010 e campeão português da Promoção em 2000.

Lendas do RVM: Peugeot 306 Maxi

Foi um dos carros mais eficazes em asfalto e levou mesmo a que os Kit-Car fossem banidos das competições internacionais pois batia os bem mais onerosos WRC. O Peugeot 306 Maxi emitia um som fabuloso do seu motor atmosférico a atingir altas rotações e levou a que muitos o considerassem o melhor carros de ralis de sempre em asfalto. Exatamente por isso foi utilizado por vários pilotos madeirenses e também se destacou no Rali Vinho da Madeira pelas mãos de Adruzilo Lopes. Foi, no entanto, com Vítor Sá que, em 2004, obteve a sua única vitória no evento. Desenvolvido pela Peugeot Sport em colaboração com a Pipo, o 306 Maxi surgiu em 1995 como uma evolução do 306 S16 com uma carroçaria alargada a pensar na competição. Tinha cerca de 4 metros de comprimento para uma largura de 1,84 metros e um peso de 960 kg. O seu motor de quatro cilindros em linha com 1.998 cc debitava 280 cavalos às 8.700 rpm mas na segunda evolução, apresentada em 1997, a potência ainda aumentaria 20 cavalos. Ainda hoje é um carro venerado internacionalmente  pelos fãs dos ralis.

Estou motivado

Adruzilo Lopes regressa ao Rali Vinho da Madeira, prova que venceu em 2001, com um Peugeot 208 R2. O piloto encontra-se “motivado. Desde 2010 que não conduzia uma viatura de tração dianteira. Realizei um pequeno teste e fiquei contente com o carro. Estou animado. Vou rodar mais alguns quilómetros na Madeira antes da prova até porque, depois da terra, vou descobrir os pneus Kuhmo no asfalto, piso em que espero sejam também uma boa aposta. Como objetivo desportivo, espero conseguir o melhor resultado possível adentro dos utilizadores de carros de duas rodas motrizes e tentar ser os melhores entre aqueles que dispõem de R2 tradicionais. Temos de esperar pelo rali e ver onde nos situamos”. Atualmente com 57 anos de idade, Adruzilo Lopes iniciou-se nos ralis em 1988 com um Toyota Corolla. Esteve depois ao volante de outros modelos mas foi entre 1996 e 2001, época em que esteve ao serviço da equipa oficial da Peugeot em Portugal que conseguiu os seus melhores resultados. Tem mantido, desde então, uma presença reguçar no desporto automóvel ao volante de viaturas tão dispares como o Renault Clio R3 ou o Porsche 997 GT3. Foi campeão nacional absoluto em 1997, 1998 e 2001 e obteve também o título nacional de duas rodas motrizes em 2010 e de GT em 2016.

Lendas do RVM: “Janica” Clemente

Durante muitos anos, “Janica” Clemente foi o último madeirense a vencer a Volta à Ilha da Madeira, primeira denominação do Rali Vinho da Madeira. O piloto conseguiu o feito em 1975 na edição que sucedeu um hiato na realização do evento devido à crise petrolífera de 1974. Só quase 30 anos depois, Vítor Sá conseguiria o mesmo. O triunfo do piloto só veio reforçar a sua popularidade no arquipélago pois já era muito apreciado não só pela sua amabilidade como pela sua condução espetacular, com muitos power slides. João “Janica” Clemente Aguiar nasceu no Funchal no final da década de 1930 e nos ralis construiu uma carreira sempre associado à Ford. Os seus principais resultados foram conquistados na década de 1970 com viaturas como o Ford Cortina Lotus e as duas versões do Ford Escort RS 1600. Tal como muitos outros pilotos madeirenses na altura, também obteve boas classificações em ralis disputados no arquipélago das Canárias. O piloto retirou-se bastante cedo das competições e veio a falecer no começo de 2018, vítima de doença prolongada.

Lutar pela vitória

João Silva regressa à atividade neste Rali Vinho da Madeira em que “o objetivo é o mesmo do ano passado, lutar pela vitória. Desta vez iremos tripular um carro atual bem como julgamos ter reunido os meios e os recursos para o fazer. Queremos rodar o melhor possível. Claro que temos contra nós a necessidade de nos adaptarmos rapidamente a uma nova viatura que desconhecemos e também estamos parados há muito tempo. No entanto, isso faz parte do jogo”. O piloto tem 32 anos de idade e começou nos ralis em 2007 com um Toyota Yaris. No ano seguinte passou para os comandos de um Citroën C2 R2. Já em 2009 adquiriu um Renault Clio R3 e com esse modelo, que manteve até 2016, foi campeão regional júnior em 2009 e 2010 e o campeonato português de duas rodas motrizes no ano seguinte. De permeio, participou em 2012 nalgumas provas do WRC com um Ford Fiesta R2. Entre 2017 e 2019 esteve com um Citroën DS3 R5 com que obteve os seus triunfos absolutos em ralis regionais e foi vice-campeão regional absoluto em 2017 e 2018. Neste Rali estreia-se aos comandos de um Skoda Fabia R5 Evo.

Lendas do RVM: Lancia 037

Tal como no mundo dos ralis, o Lancia 037 é um carro que ficará para sempre na memória dos madeirenses. O modelo italiano desistiu no seu ano de estreia, 1982 mas entre 1983 e 1986 venceu duas vezes e esteve em mais seis ocasiões no pódio. O seu ruído metálico e as linhas da Pininfarina não deixavam ninguém indiferente ao Lancia Rally, o seu nome oficial, que, contudo, ficaria conhecido como 037, o número do projeto na Abarth. Revelado em 1982, o Lancia Rally 037 resultou de um projeto comum da Abarth, Pininfarina e Dallara e, numa altura em que a tração integral começava a se impor, apostava na racionalização máxima de uma viatura de tração traseira no espírito do grupo B. Tinha dimensões reduzidas (3,9m x 1,85m x 1,25m) e o seu peso estava muito próximo do mínimo permitido, 960 kg. Tinha um motor de quatro cilindros em linha com 1.995 cc e debitava cerca de 515 cavalos na sua versão de injeção. Na sobrealimentação era usado um compressor volumétrico Roots que, em detrimento da potência, privilegiava a entrega de binário.

Lendas do RVM: “Zeca” Cunha

O primeiro piloto a conseguir vencer a Volta à Ilha da Madeira, antiga denominação do Rali Vinho da Madeira, foi “Zeca” Cunha. O piloto conseguiu a proeza em 1965 com um Triumph TR4. Para além de uma rapidez muito grande, Cunha tinha uma postura irreverente que ajudou a construir a sua fama. O piloto foi para toda uma geração um símbolo de velocidade e também um exemplo de irreverência e comportamento dissonante dos cânones da altura. “Zeca” Cunha nasceu em 1944 e começou a prática de automobilismo no começo da década de 1960. Esteve ao volante de viaturas como o Triumph TR4 com que venceu o Rali, Ford Cortina Lotus, Renault 8 Gordini, volvo PV544 e Opel GT. A sua velocidade chamou a atenção dos responsáveis pela Gordini que lhe endereçaram um convite para correr para aquela filial da Renault no estrangeiro. O piloto faleceu na segunda metade dos anos 1980 de morte súbita.

Páginas

Subscreva RVM Media